Com a Pandemia da COVID-19 a necessidade de adoção de um ensino remoto tornou-se essencial para a manutenção das atividades acadêmicas. Em dezembro de 2019, em Wuhan (China), foram identificados os primeiros casos da COVID-19, doença causada por um coronavírus que rapidamente se espalhou pelo mundo, causando uma pandemia. A transmissão dessa doença ocorre, principalmente, por meio da liberação de gotículas durante a fala, tosse ou espirro. Diante da pandemia da COVID-19, a qual obrigou a adoção do distanciamento social para reduzir a contaminação pelo vírus, as salas de aula tradicionais se tornaram ambientes impróprios. Assim, a solução foi transformar o Ensino Presencial em Ensino Remoto
Emergencial (ERE), o qual utiliza tecnologias digitais, garantindo o distanciamento social. O ERE representa no momento, uma forma temporária de substituir o ensino presencial durante a crise atual (HODGES et al, 2020)*. O ERE, na UFVJM, foi aprovado em 5 de agosto de 2020**. Algumas unidades curriculares da graduação foram ofertadas, de forma não obrigatória, em período extemporâneo em caráter temporário e excepcional. Na figura abaixo é possível visualizar em forma de linha do tempo os principais acontecimentos durante a pandemia.
HODGES, Charles et al. The difference between emergency remote teaching and online learning. Educause Review, v.27, 2020.**UNIVERSIDADE FEDERAL DOS VALES DO JEQUITINHONHA E MUCURI. Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão. Resolução nº 9, de 05 de agosto de 2020.
O Centro Acadêmico Livre de Medicina Juscelino Kubitschek (CALMED-JK), como entidade representativa dos discentes de Medicina da FAMED, Campus JK da UFVJM, elaborou um documento de caráter investigativo com o propósito de obter informações da real situação dos estudantes frente ao ERE. A pesquisa foi realizada no período de 17 a 25 de julho de 2020 e contou com a participação de 318 discentes (86,4%). Os resultados da pesquisa mostraram que a principal dificuldade dos discentes para adoção do ERE
Fatores que podem dificultar a dedicação ao ERE dos discentes da FAMED/UFVJM durante a pandemia da COVID-19. Fonte: Calmed-JK, 2020
estava relacionada aos cuidados com familiares e/ou obrigações pessoais (35,2%). Entretanto, a maioria relatou não existir fator que pudesse reduzir sua dedicação ao ERE (51,6%). Em relação à retomada do calendário com as aulas teóricas curriculares pelo ERE, 48,4% dos discentes concordaram que todos os estudantes fossem contemplados. Já em relação aos internatos, 94,4% dos entrevistados foram a favor do retorno.
Opinião dos discentes da FAMED sobre a retomada do calendário acadêmico com as aulas teóricas curriculares por meio do ERE. Fonte: Calmed-JK, 2020
Após 15 dias do início das atividades acadêmicas, o Apoio Pedagógico da FAMED realizou um estudo para acompanhar os discentes e docentes nas atividades realizadas no ERE com o objetivo de zelar pela qualidade do processo formativo em medicina e verificar os principais benefícios e desafios enfrentados. O estudo contou com a participação de 74 (29,3%) estudantes dentre os 252, do primeiro ao oitavo período, que se matricularam no ERE. Os resultados do estudo mostraram que nos primeiros 15 dias de implementação do ERE a maior dificuldade foi estabelecer uma rotina de estudos (39%). Por outro lado, 35% relataram não ter dificuldade.
Dificuldades enfrentadas pelos discentes da FAMED com a implantação do Ensino Remoto. Fonte: Apoio Pedagógico da FAMED, 2020
O Apoio Pedagógico buscou saber dos discentes quais os recursos, ferramentas e metodologias que os docentes utilizam no ERE e que acreditam estar sendo mais eficazes no aprendizado. De acordo com a análise destacaram-se o TBL, as aulas gravadas/assíncronas, videoaulas, casos clínicos, combinação de metodologias, dentre outras, como demonstrado pela Nuvem de palavras.
Em relação ao internato, 29 (49,1%) alunos das turmas do décimo primeiro e décimo segundo períodos participaram da pesquisa. Os dados mostraram dificuldade de acesso à internet ou de falhas na comunicação, mas que a princípio foram resolvidas. Além disso, os participantes sugeriram maior flexibilidade das aulas remotas, bem como melhoria na comunicação dos coordenadores/supervisores com os discentes. Outros alunos relataram não ter nenhum problema em relação às aulas teóricas remotas, as quais foram muito elogiadas, sugerindo a manutenção nesse formato de forma definitiva. O relatório completo realizado pelo Apoio Pedagógico foi repassado para todos os docentes do curso, a fim de conhecerem as necessidades dos alunos, bem como para repensarem e aprimorarem as atividades de forma remota.
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